Você já se pegou adiando algo importante, mesmo sabendo que isso te aproximaria dos seus objetivos?
Às vezes, não é o mundo que te barra. É você mesmo. De forma sutil, quase imperceptível. É isso que torna a autossabotagem tão perigosa: ela se disfarça de lógica, prudência, até humildade. Mas, na prática, ela paralisa. Ela sabota.
E o mais impressionante? O cérebro acredita estar te protegendo.
A neurociência me ensinou que o cérebro prioriza a sobrevivência, não o crescimento. Quando estamos prestes a ultrapassar um limite interno — seja financeiro, emocional ou social.
A autossabotagem tem raízes profundas no funcionamento do sistema límbico, especialmente na amígdala cerebral, que atua como um alarme emocional. Quando enfrentamos algo novo ou desafiador, ela dispara sinais de alerta, ativando o medo como forma de autopreservação.
Cada passo fora da zona de conforto, o cérebro emite um alerta. Não importa se a mudança é positiva. Se for desconhecida, é lida como ameaça. A amígdala cerebral dispara reações automáticas: paralisia, procrastinação, racionalizações.
E é nesse momento que muitos voltam atrás. Travados não pela realidade, mas pela própria mente.
É como se o cérebro dissesse: “Melhor o conforto do conhecido do que o risco do novo.”
O cérebro prefere padrões. Não importa se eles são produtivos ou limitantes — contanto que sejam familiares. 95% do nosso comportamento é regido por programas subconscientes, muitas vezes adquiridos na infância.
Ou seja: mesmo que racionalmente você queira crescer, se emocionalmente não se sente merecedor, o cérebro vai agir como se crescimento fosse perigo. E te puxar para trás.
Mas o perigo não é real. É simbólico. É o risco de sair da zona de identidade construída ao longo da vida.
E é por isso que alguns travam na hora da virada. Porque o sucesso exige uma nova versão de si mesmo — e isso assusta.
Foi assim comigo também. Durante anos, mesmo já estudando neurociência, eu postergava certos movimentos.
Durante anos, eu estudei o comportamento humano com obsessão. Mergulhei na neurociência, na psicologia cognitiva, na filosofia da mente. Lia sobre tomada de decisão, estratégias de liderança, vieses e crenças limitantes.
Sabia tudo o que precisava saber para crescer. Mas, por dentro, sentia que algo travava.
No começo, eu chamava de perfeccionismo. Depois, de excesso de visão crítica. Mas, no fundo, era medo.
Medo de expandir minha atuação. Medo de sair da zona segura da expertise para a zona exposta da influência. Medo de me tornar mais visível do que minha mente julgava aceitável.
Foi nesse ponto que percebi: o conhecimento, sozinho, não me libertaria. Porque não era um problema de ignorância. Era um problema de identidade.
Só comecei a virar esse jogo quando me dei conta de que o cérebro sabota para proteger. Ele não entende sucesso como algo natural — entende como risco.
Passei a aplicar em mim mesmo os fundamentos que hoje são parte do que ensino: técnicas de dessensibilização do sistema de crenças, reformulação de identidade, microações de expansão com base em neuroplasticidade, reprogramação de linguagem interna, autorresponsabilidade.
E tudo começou a mudar. Inclusive a maneira como eu lidero e ajudo outros líderes. Hoje, transformei isso em método. Ensinei a mesma lógica para líderes, médicos, diretores de multinacionais — e o resultado foi o mesmo: quando compreendem como o cérebro os freia, conseguem finalmente avançar.
Recentemente, acompanhei um executivo brilhante do setor de inovação. Estratégico, respeitado, inteligente. Mas havia um padrão recorrente: toda vez que estava prestes a assumir mais visibilidade, ele adoecia. Literalmente. Sintomas físicos, crises de ansiedade, exaustão.
Durante nosso trabalho, identificamos o gatilho emocional: na infância, ele aprendeu que “aparecer demais” era perigoso, além disso, quando ele “adoecia” era o momento onde outros cuidavam dele e depois tudo voltava ao normal. O sucesso estava inconscientemente associado à perda, à rejeição, ao conflito.
Não era falta de competência. Era autossabotagem neuroemocional.
Trabalhamos com uma abordagem integrada: neurociência aplicada à liderança, linguagem positiva e exercícios práticos de ressignificação. Aos poucos, ele foi internalizando que crescer não precisava ser sinônimo de romper com sua essência. Mas sim de expandi-la.
Hoje, lidera um projeto global. A autossabotagem não desapareceu — mas perdeu força. Porque ele aprendeu a reconhecê-la e agir apesar dela.
Acompanhei uma CEO do setor de educação digital, ela buscava estratégias para escalar o negócio. Tinha clareza sobre o caminho, recursos disponíveis, equipe engajada — mas sempre que a possibilidade de expansão surgia, ela recuava.
“E se eu não der conta?”, disse em um dos encontros. “Talvez estejamos crescendo rápido demais…”, “W se der errado.”
Ao longo das sessões, ficou claro: o que ela temia não era o fracasso. Era o sucesso. E essa é uma das formas mais sofisticadas de autossabotagem. O medo de viver algo maior do que aquilo que acreditamos merecer. Ou controlar.
Esse tipo de bloqueio não se resolve com motivação. Ele exige compreensão da origem e reconfiguração da identidade — é aí que entra a neurociência.
Na minha experiência como consultor em liderança com base na neurociência, vejo isso se repetir: profissionais brilhantes travados não pela falta de competência, mas por conflitos internos não resolvidos.
A autossabotagem se manifesta de formas sutis:
Esses comportamentos não são fraquezas. São estratégias mentais para evitar aquilo que, inconscientemente, parece perigoso demais: assumir o protagonismo da própria história.
Estudos da Universidade de Stanford mostram que a prática da autorreflexão intencional combinada à neuroplasticidade (a capacidade do cérebro de se reorganizar) pode alterar circuitos neurais ligados à autossabotagem.
Carol Dweck, em Mindset: A nova psicologia do sucesso, destaca a diferença entre o mindset fixo (“sou assim”) e o de crescimento (“posso aprender”). E essa diferença muda tudo. Porque quando você percebe que pode moldar sua identidade, começa a reescrever sua trajetória.
Como eu costumo dizer em minhas consultorias:
“A mente que comanda o corpo precisa de um líder interno. E líder é você.”
A autossabotagem não é um inimigo externo. É um padrão interno. Mas padrões podem ser reprogramados.
Comece observando onde você se boicota: no tempo? Nas decisões? Nos relacionamentos? Na sua autoimagem?
Depois, substitua o julgamento pela curiosidade. Em vez de se criticar por procrastinar, pergunte: o que estou evitando sentir?
E por fim, estabeleça pequenas vitórias conscientes. Cada vez que você escolhe agir apesar do medo, um novo circuito neural começa a se formar.
Minha abordagem une neurociência aplicada, PNL, estratégias de branding pessoal e construção de identidade de liderança. Não é sobre motivação — é sobre reprogramação.
Você não vence a autossabotagem com força de vontade. Vence com clareza sobre o que ativa esse comportamento e com ações pequenas, consistentes e simbólicas que provem ao seu cérebro que o novo é seguro.
Essa é uma das bases do meu trabalho com lideranças: fazer a ponte entre o que você sabe e o que você ainda não se autorizou a viver.
Lembre-se:
“Todo líder cresce quando para de negociar com o medo e começa a conversar com a própria verdade.”
E se o seu próximo nível não dependesse de mais esforço, mas de menos resistência interna?
O que você poderia conquistar se parasse de se sabotar?
É isso que trabalho nas minhas consultorias. Não para ensinar o óbvio, mas para destravar o invisível.
Pense nisso!